Pausa na sua programação de web normal.

Quem acompanhou o jogo do Brasil de ontem pelo Twitter viu que a galera tava ensandecida fazendo piadas desesperadamente, comentando de um jeito mais alucinado que o próprio Galvão, e marcando presença direta no micro blog. Né? Então.


Mas, aí, perto da uma da manhã, o Twitter dá uma pausa brusca: um dos ícones do mundo wébico estava na TV: PC Siqueira estava sendo entrevistado pelo Jô. #todastroca computador pela televisão.



Aí, em menos de um mês, a gente tem a internet levada pra televisão pela segunda vez – a primeira foi no programa A Liga, do Rafinha Bastos, que levou blogueiros de peso e o próprio PC pra telona, ultrapassando as telas do computador e do youtube.


A expectativa? Grande, né. Fala sério: pra quem curte internet, ter um representante de peso falando em rede nacional é tudo. Ainda mais um cara que é tão querido dentro dessa coisa wébica toda.


Mas aí, o entrevistador é o Jô. Nada contra ele, bem pelo contrário: o cara é um baita profissional, e o talento é incontestável. Só que ele já começa a entrevista perguntando se “PC” vem de Personal Computer. Tu não te deu nem ao trabalho de ver que o nome do cara era Paulo Cezar? Beleza.


A entrevista vai rolando, e fica claro que fizeram uma pequena pesquisa sobre o PC, e pegaram tópicos absurdamente irrelevantes pra conversar. Poxa: dez minutos falando que o cara faz xixi sentado? Isso por conta de UM VÍDEO que ele fez? O comentário teria sido relevante, se eles tivessem ido pra um outro lado, como por exemplo, quando o PC disse que muita gente “saiu do armário e confessou que faz xixi sentado também.’. Aí podia ter sido explorada a questão de grupo, de sociedade de tribos, que se identificam uns com os outros, e podia ter rolado um papo legal sobre a influência que uma pessoa tem, até na hora de fazer as pessoas confessarem assuntos íntimos, que as fazem pertencer a algum grupo ou classe. Mas isso não aconteceu. O entrevistador insistia em ficar num papo superficial, que tava gerando um certo estranhamento.


O PC é um ilustrador. O cara fez uns vídeos e se fudeu, como ele mesmo diz. Agora, além de vlogger, dono do canal MASPOXAVIDA no youtube, ele é apresentador de TV, tendo o seu próprio programa na MTV, o PC na TV. Ele é profissional, sabe o que fala, e fala mesmo, sem amarra nenhuma. É formador de opinião, tem grande influência nas redes sociais, e ninguém pode negar que o cara já é celebridade. Como me disse o Diego, primo do PC, ontem depois da entrevista, “a gente foi pro Jô por causa de um negócio que a gente faz no quarto!”. Sim, foram pro Jô por causa de um negócio que fazem no quarto. É simples. É fácil de se identificar. Eu posso fazer, tu pode fazer, teu vizinho pode fazer. Não to dizendo que qualquer um pode fazer com qualidade, mas é algo do cotidiano sentar no seu quarto e ter um monte de opiniões passando pela sua cabeça. A diferença é que o PC fala, independente do que vão pensar dele. E esse desabafo dele a cada vídeo o aproxima do grande público, que vê nele um tipo de líder de opinião, que fala metade daquilo que muita gente queria dizer e não tem coragem.


Anyways. Tinha o que se falar. O cara estoura por causa de um vídeo que fez no quarto, tem um número enorme de seguidores, causa um alvoroço na internet a cada comentário que faz, e o Jô diz que o cara é um “viciado em internet”. Sério que não tinha mais o que falar sobre ele?


Fez feio? Claro que não. A entrevista foi divertida, PC foi descontraído, a galera curtiu e pediu mais. Mas quem não é ligado em internet e não sabe quem é o tal do PC Siqueira, continuou sem saber quem ele é.


Pra quem é de web, esse tipo de projeção de aparecer na TV e ser exposto na grande mídia é excelente. Tu passa a ser conhecido por um outro tipo de público, pode mostrar teu trabalho e, principalmente, que nerd de internet não é um bando de alienados que curtem legalzices e não conseguem formar um pensamento que contenha mais de 140 caracteres. Levar uma webceleb pra televisão é ótimo. Mostra que o que rola na rede já tem força suficiente pra sentar do lado do Jô, que é O cara, tomar a água da famosa caneca que ilustra o cenário, e mostrar pro mundo a que veio.


Tudo bem que sou suspeita a falar, já que curto o trabalho do PC. Mas no momento que o cara ganha um espaço desses, e tu vê que não é mostrado nem metade do que ele pode oferecer, frustra. E não por culpa dele, mas daqueles que continuam pensando que quem se sobressai na internet só consegue tal fato por fazer alguma bobagenzinha engraçada, nonsense, ou superficial.


A entrevista correu bem, PC foi bem aceito, a conversa foi leve e realmente capaz de entreter o público. Mas faltou contar quem é o PC. Porque, convenhamos: ele não é o cara que faz xixi sentado. Tem bem mais conteúdo por trás disso aí que mostraram. Talvez esse tenha sido o ensaio da entrada do PC na vida pública fora da internet (globalmente falando, já que ele é VJ da MTV, right?).


Mesmo não entendendo por que raios ninguém falou nada sobre quem é o cara – além de dizer que ele é nerd e senta pra ir ao banheiro – , a entrevista foi sim válida. Em uma questão de 3 minutos, ele ganhou uns 200 seguidores. Meia hora depois, o número já tinha crescido em quase 1000. Hoje de manhã, já passa dos 2000 novos seguidores. A projeção foi boa, e o melhor da ida dele ao Jô foi o reconhecimento. Foi a compreensão de que existe conteúdo na internet relevante o suficiente pra chegar ao conhecimento daqueles que não vivem conectados. E mais ainda pra mostrar que a internet parou no momento que ela foi pra TV. Prova da força que os outrora chamados “internautas” têm, e de como essa “classe” é unida.


Mandou bem, PC.


Ok, fim da entrevista, de volta à programação normal – e insana – da sua internet.

2 comentários:

Anônimo disse...

rasgação...

carol m. disse...

cada um tem sua opinião, right? pode fazer contra-proposta, se quiser.