No Dia do Jornalista, a gente podia ter uma notícia boa, que fizesse o profissional ter orgulho do que faz, e sair distribuindo informações que mexam com a vida do ser humano. Pois bem. As informações de hoje, sem dúvida, mexem com a vida de qualquer pessoa que entenda de coração e tenha o mínimo de noção do que é sentimento.
Tá todo mundo sabendo do que rolou no Rio hoje. Que absurdo é esse? Tu acorda, abre um site pra ler alguma notícia, ver algo bom, e vê o quê? Assassinato desenfreado, seguido de suicídio. O que leva uma pessoa de 24 anos, sem antecedentes criminais, a entrar numa escola com uma desculpa furada e sair atirando aleatoriamente em crianças, aquelas que a gente naturalmente chama de “gente inocente”? E COMO alguém deixa um estranho entrar num local em que habitam CRIANÇAS sem uma identificação muito bem detalhada? É o fim dos tempos. Para TUDO, que o MUNDO quer descer. Nessa ordem.
A gente sabe que as coisas são assim. A gente já acha até normal ver no noticiário que alguém matou a mulher, que o filho atirou no pai, que o marido deu fim no vizinho e nos filhos. “Normal”. Quando foi que a gente acostumou a ouvir “morte”, “tristeza”, “tragédia”? Quando foi que isso parou de doer na alma?
Tem que ter sangue frio pra encarar isso. Tem que ser profissional pra olhar em volta, e ver sangue, lágrimas, desespero nos olhos de uma criança que não tá entendendo nada. Tem que ser gente pra entender que isso tem que ser mostrado, pra que alguma mudança possa acontecer. Não dá pra sentar na frente da TV e, enquanto espera a novela começar, assistir a uma matança sem sentido e não achar isso estranho. É estranho. É doentio.
O jornalista tem que mostrar. Tem que expor na nossa cara o mundo que a gente tá vivendo. Ele nos dá a informação. Mas, o que a gente não sabe, ou esquece com facilidade, é que quem informa também sente. Quem conta a história, talvez quisesse que o final fosse outro. Quem conta a história, chora. Porque se emociona. Porque dói.
Nos últimos minutinhos desse vídeo, que foi cortado, a gente sente o que a jornalista sentiu.
O que tu diz, quando quem chora é quem vê de perto o que acontece e é obrigado a contar pro mundo o caos que a gente vive? Por trás das câmeras, dos computadores, dos bloquinhos, das pautas, do que for, tem um ser humano, que nos traz o que tem de melhor e pior perto da gente. Mais do que sangue frio e autocontrole, é preciso amor e paixão pelo que se faz. Mesmo que, no fim do dia, as palavras sejam substituídas por um minuto de silêncio. A prova de que, no amor, a gente também vê a dor.
Parabéns, jornalistas. É uma pena que seja hoje que vocês devam comemorar a data. A tragédia do mundo passa pelas mãos de vocês, mas são vocês que nos mostram que ainda dá pra mudar isso. Eu espero.
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